quarta-feira, 29 de outubro de 2008

AMONITAS


Introdução
Os amonitas tiveram estreita relação com os israelitas, quer em forma de embates militares, quer em forma de interações religiosas, máxime pela assimilação dos deuses amonitas pelos israelitas em alguns períodos.
As Escrituras Sagradas mencionam amiúde os amonitas, de sorte que é possível tecer comentários sobre os amonitas somente com base na Bíblia.
O singelo trabalho não pretende ser exaustivo, nem tampouco destrinchar a vida política, cultural, econômica, social e religiosa dos amonitas, de modo que interessará os principais pontos de intersecções com a história bíblica.

História dos Amonitas
Gn 19.38 afirma que do relacionamento de Ló com sua filha mais nova nasceu Bem-Ami: “este é o pai dos filhos de Amom até o dia de hoje”. Portanto, a fonte bíblica, que é fidedigna tanto teológica quanto historicamente, assevera inequivocamente que os amonitas são descendentes de Ló, sendo semita, oriundo de Ur dos Caldeus, que migraram para Harã chegando a Canaã. Por esse texto, infere-se que os amonitas tinham aproximadamente a mesma idade dos israelitas.
Ainda assim, o texto em comento tem sido interpretado cum grano salis (não de todo a sério), isto é, como um recurso literário, servindo apenas para indicar uma mesma parentela, não necessariamente a origem dos amonitas.
Data maxima venia, não é o que Dt 2.19 indica, pelo contrário, reitera que os amonitas são filhos de Ló, afirmando que o Deus Todo-Poderoso, YHWH, deu por herança a terra na qual Amom habitava, de forma que os israelitas não deveriam molestá-los.
Entre os documentos ugaríticos datados do século 14 a.C o nome amonita é mencionado. Portanto, a arqueologia corroborou a existência desse povo, havendo, contudo, dúvidas acerca de sua origem – dúvida arqueológica e não bíblica.
O texto de Nm 21.24 assevera que “o termo (gevul) dos filhos de Amom era forte.” A seu turno, a arqueologia moderna demonstra que os amonitas cercavam suas cidades com pequenas fortalezas.
À vista disso, diferentemente dos israelitas que migraram para o Egito, os amonitas não se distanciaram da Palestina, atravessando o Jordão e tornando-se sedentários antes de Israel (Dt. 2.20,21,37), constituindo Rabá como capital. Este texto denota que os amonitas conquistaram a terra dos Zanzumins, situada entre o rio Arnom e Jaboque. Todavia, já nos dias de Moisés, o território dos amonitas havia sido reduzido em virtude da conquista perpetrada pelos amorreus, cabendo aos amonitas a parte nordeste do Mar Morto até as nascentes do rio Jaboque. A seu turno, os israelitas sob a liderança de Moisés tomaram a terra conquista pelos amorreus e dominada pelo rei amorreu Siom (Js 12.2; 13.24,25), sendo doada à tribo de Gade.
A redução do território de Amom fica mais elucidada ainda no episódio em que Amom luta contra Israel no período do juiz Jefté (Jz 11.13-28). O rei de Amom declarou que o objetivo da guerra consistia em recuperar o território outrora pertencente aos amonitas. À guisa da diplomacia, Jefté antes de pelejar contra os amonitas, tentou sem êxito persuadir o rei amonita a desistir da guerra, vindicando a conquista daquela terra. Porquanto havia sido conquistada anteriormente pelos amorreus, que, a seu turno, foi conquistada pelos filhos de Israel, cuja peleja foi travada contra o rei amorreu Siom, e que naquela ocasião já era possuída por Israel a trezentos anos! Tempo suficiente para tornar o direito de Amom prescrito, culminando no usucapião da terra, digamos assim. A eloqüência de Jefté não surtiu efeito! Pelo menos tentou, e nos deixou uma declaração importante para a cronologia bíblica.


AMOM Conquanto os amonitas não fossem mencionados expressamente no incidente de Balaque e Balão (Nm 22-25), estavam envolvidos, porquanto mais tarde Moisés relatou que os amonitas foram proibidos de entrar na congregação do Senhor, por terem alugado Balaão contra os filhos de Israel, e não tratarem amistosamente os israelitas egressos do Egito (Dt 23.3.4). Ademais, não se pode olvidar que moabitas e amonitas eram irmãos e vizinhos, de forma que se uniram contra Israel, não pelejando militarmente, porém usando outra estratégia, mais eficiente, a propósito, mulheres! Talvez, naquela época, a mera menção a Moabe subentendesse a participação de Amom. Assim, quando Jefté declarou que o rei de Amom não era melhor que Balaque, o qual não lutou militarmente contra Israel, quisesse aludir a ambas nações.
Com efeito, ambos, Moabitas e Amonitas se precipitaram. Porquanto, Israel não tinha planos de conquistar tais terras. Ademias, Israel pelejou contra os amorreus, conquanto o território amorreu conquistado por Israel pertencesse outrora aos amonitas.
O fato é que os amonitas tencionavam reconquistar o território conquistado pelos amorreus, não se resignando com a ocupação israelita naquela terra. Por isso, os amonitas nutriam um sentimento de animosidade contra os israelitas, pelo que oportunamente se levantavam contra Israel.
Os amonitas auxiliaram os moabitas a subjugarem os israelitas (Jz 3.12,13). Observe mais uma vez Moabe, agora comandado pelo rei Eglon, aliado com Amom.
Não obstante tamanha rivalidade, os israelitas ainda conseguiram simpatizar-se com as divindades dos filhos de Amom, que se assemelhavam às divindades dos cananitas – divindades essas localizadas em certas cidades e relacionadas a fertilidade, guerra, e elementos da natureza, havendo outrossim uma divindade nacional, denominada Milcom ou Moloque, cuja adoração incluía sacrifício de crianças. Tal idolatria fez com que o próprio Deus permitisse que os amonitas oprimissem os israelitas (Jz 10.6-9). Salomão também cultuou Moloque por influência de uma amonita (1Re 11.2,5). A propósito, o filho de Salomão, Roboão, era filho de Naamá, uma amonita (1Re 14.21).
Não bastasse a inclinação aos ídolos de Amom, os israelitas ainda flertavam com as amonitas (Ed 9.1,2; Ne 13.1, 23-31) – talvez fossem realmente irresistíveis, como as éguas do Egito!
A hostilidade perdurou por muito tempo. Houve diversas lutas e conflitos com os israelitas até que Davi subjugou-os. Mas readquiriram a independência, vindo a pelejar contra Israel. (1Sm 11.11; 2Sm 10.4,19; 12.26-31; 2Cr 20.25).

Enfim, após o cativeiro dos judeus, os amonitas retomaram as terras possuídas pelos amorreus e posteriormente pelos israelitas (Jr 49.1). Mas foram punidos por Nabucodonozor (582-581).
No século VI os árabes e depois os persas invadiram Amom.
Mesmo após o cativeiro e o retorno do exílio, a hostilidade não cessou. O governador de Amom, Tobias, intentou tolher a reconstrução das muralhas de Jerusalém (Ne 4.3,7,8). Nos tempos de Judas Macabeu também houve conflitos (Jd 5-7; Mc 7.30-43).
Vários profetas vaticinaram contra Amom (Jr 49.1-6; Ez 21.20; 25.1-7; Am 1.13-15; Sf 2.8.11).
No terceiro século eles desapareceram completamente da história amalgamando-se com os árabbes.
Os amonitas fizeram parte da coalizão Siro-Palestina, uma força de resistência contra a Assíria, na famigerada batalha de Qarqar em 853.
No tempo de Assurbanipal, os amonitas se tornaram tributários da Assíria (668-667).
De mais a mais, os amonitas possuíam predominantemente atividade pastoral e agrícola.

Conclusão
Os amonitas são descendentes de Ló, sendo parentes de Abrão, e, por conseguinte, dos Israelitas. Possuem aproximadamente a mesma idade de Israel, tornando-se sedentários antes dos Israelitas.
Amom fazia fronteira com Israel, na parte noroeste do mar morto, cujos termos fazia fronteira com a tribo de Gade, e seus irmãos moabitas.
Não se resignando com a conquista de parte do seu território pelos amorreus, e, posteriormente, pelos israelitas, Amom sempre tentava recuperar suas terras, travando guerras com Israel, de forma que se tornou inimigo declarado de Israel.
Conseguiu recuperar as terras perdidas nos dias do rei Nabucodonosor, mas foram punidos em seguida.
No terceiro século amalgamaram-se com os árabes.

[Professor e colegas] “Se o fiz bem (trabalho), de maneira conveniente a uma composição escrita, era justamente isso que eu queria; se vulgaermente e de modo medíocre, é isso o que me foi possível [...] Aqui porém será o fim” (2Ma 15.38,39).

Bibliografia

Bíblia Sagrada, Almeida Corrigida Fiel

Novo Dicionário da Bíblia, Vida Nova

Enciclopédia de Teologia e História, Vida Nova

História de Israel, Vida Nova

História de Israel, Paulus

Manual Bíblico, Vida Nova

Manual Bíblico de Halley, Vida

Peoples of the Old Testament World

The Biblical Archealogical, XXIV