quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dom de Línguas

Introdução
Todos hão de concordar que o dom de línguas não cessou, sendo reativado. Como assim, se há os cessacionistas, ou seja, aqueles que creem que não há mais tal dom? Na verdade, todos hão de concordar que o que não cessou é o debate acerca desse dom, que ainda vem suscitando acaloradas discussões no seio da igreja. Não como outrora, em que o fenômeno era tido como manifestação demoníaca, igrejas se dividiam oficialmente por causa desse fenômeno, irmãos eram excluídos, igrejas não possuíam comunhão com irmãos que defendessem ou tivessem a experiência com esse dom.
Graças a Deus, o debate hodierno se tornou mais acadêmico e amistoso, de modo que as diferenças não têm sido mais o motivo preponderante para rachar igrejas, excluir irmãos, não ter comunhão entre igrejas. Por exemplo, é comum constatar uma convivência pacífica e harmoniosa entre os opostos, os defensores do dom, de agora em diante denominado continuistas e os cessacionistas. No meio de igrejas reformadas, tradicionais históricas e até cessacionistas, é possível identificar defensores desse dom.
Mas a questão ainda não deixa de trazer polêmica. Não pretendo tecer maiores digressões sobre o assunto e tampouco ser exaustivo, até porque há excelentes materiais em português que abordam o assunto com muita propriedade. Apenas tenciono expressar minha convicção da maneira que entendo ser bíblica, a fim de oferecer uma resposta àqueles que me interpelarem, mas pautando sempre pelo amor e profundo respeito pelos que defendem o contrário, sempre considerando-os como irmãos amados.
A propósito, os dons devem servir para edificar o Corpo de Cristo, e jamais para dividi-lo.

Breve retrospecto histórico
O debate sobre o dom de línguas é recente, não obstante ter havido manifestações desse dom no decorrer da história. Prova disso é que nenhuma confissão histórica antiga, antes de 1900, tratou expressamente sobre o assunto, conquanto tenha havido movimentos e pessoas que defendessem esse dom.
O eminente historiador da igreja, Eusébio de Cesaréia, que viveu durante os anos de 260-340 d.C aproximadamente, relata casos de pessoas que falaram em línguas.
No ano de 1830, Edward Irving também encabeçou um movimento que teve experiências com o dom de línguas.
Nos dias do ministério de Moody, famoso evangelista norte-americano, há registro desse dom:

“Um momento de glossalália em Londres ocorreu em 1875 quando Dwight L. Moody pregou numa reunião da A.C.M. no Victoria Hall. Depois de falar a um pequeno grupo de homens num culto da tarde, Moody deixou o grupo “no fogo” com aqueles jovens “falando em línguas” e “profetizando”. Num certo sentido Moody poderia ser classificado como um pregador pré-pentecostal, embora as línguas na podem ser ditas como algo que caracterizou os seus cultos de avivamento. Este evento, entretanto, indica que a glossalália às vezes acompanhava a sua pregação” (Synan, The Holiness Petencostal Movement, p. 89-90 in WHITE, John. Quando o Espírito vem com poder. 1ª ed., São Paulo: ABU, 1998, p. 89-90).

Sem embargo da veracidade histórica do registro acima, constata-se que o fenômeno já ocorria antes do século XX.
Mas foi a partir do século XX, mais precisamente no ano de 1901, que a questão ganhou notoriedade. Primeiro com um pequeno grupo numa Escola Bíblica em Topeka, no Kansas, Estados Unidos, liderado por Charles Fox Parhan. Nesse grupo houve experiências com o dom de línguas. Depois, com as pregações de William J. Seymour, no galpão da Rua Azuza, o assunto se tornou público e espalhou-se pelos quatros cantos da terra. No ano de 1906 o próprio Seymour teve experiência com o dom de línguas. Esse movimento foi cunhado de movimento pentecostal, uma alusão ao dia de Pentecostes. A propósito, no ano de 2006 se comemorou o centenário do movimento pentecostal.
Não demorou muito, e esse fenômeno chegou ao solo brasileiro por meio de dois missionários suecos batistas que residiam nos Estados Unidos, Daniel Berg e Gunnar Vingren. Eles chegaram a Belém do Pará no ano de 1910. Não foram aceitos na denominação batista, de modo que em 1911 fundaram a maior denominação do Brasil, a Igreja Evangélica Assembléias de Deus, que completará em 2011 seu centenário.
O fenômeno das línguas não ficou adstrito somente aos adeptos do movimento pentecostal. Não são poucos os casos de pastores tradicionais históricos, inclusive reformados, que tiveram experiência pessoal com esse fenômeno, ou ao menos reconheceram-no como genuíno.
A propósito, John White relata um interessante caso em que uma pessoa que não cria no dom de línguas, pelo contrário até o refutava, mesmo assim teve a experiência com esse dom:
"Firme oponente a línguas e a cura, Carol Wimber havia pregado contra esses pontos em grupos de mulheres por toda a região em que moravam. Ela ainda tinha sido o instrumento pelo qual muitas pessoas que criam em tais coisas foram removidas da igreja.
Numa noite ela sonhava que estava apresentando a sua mensagem de sete pontos contra as línguas, quando acordou depois do sexto ponto e viu-se a si própria fazendo exatamente o que ela havia condenado em suas pregações: ela estava falando em línguas. [...]
Apresso-me a dizer que se o sonho dela seguido de seu despertamento quando se viu falando em línguas, proveio do diabo, então nós todos estamos numa triste situação. Se o diabo pode vir a qualquer hora e assim afligir dessa maneira a ardente oposição de um crente às línguas (ou a qualquer outra coisa), então que os céus nos ajudem!" (WHITE, John. Quando o Espírito vem com poder. 1ª ed., São Paulo: ABU, 1998, p. 182 e 188)

Continuidade do dom de línguas
Não vejo base bíblica para dizer que qualquer dom do Espírito Santo registrado em 1Cor 12 tenha desaparecido completa e definitivamente, com exceção do dom de apóstolos e profetas em sentido estrito, referindo-se aos doze e demais pessoas pertencentes ao círculo apostólico que estiveram incumbidos de implantar a igreja e receber as revelações necessárias para sua consolidação, consubstanciadas no NT. Essa ressalva resguarda a autoridade suprema e indelegável das Escrituras Sagradas. Caso contrário, as revelações seriam contínuas, o que implicaria reduzir ou até suplantar a revelação do NT.
Qualquer leitor imparcial das Escrituras não encontraria base para defender o desaparecimento dos demais dons. A propósito, é oportuno citar a ilação de Jack Deere:

"Se você trancasse um crente recém-convertido em uma sala, com uma Bíblia, e lhe dissesse para estudar o que as Escrituras dizem sobre curas e milagres, ele jamais sairia daquela sala como um cessacionista." (DEERE, Jack. Surpreendido pelo poder do Espírito Santo.2ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.57)

Um texto comumente usado para vindicar o cessacionismo é 1 Cor 13.10, em que Paulo fala que quando o perfeito vier o que é em parte será aniquilado, de forma que as línguas e profecias desaparecerão; há quem defenda que o perfeito refere-se ao fechamento da revelação do NT ou à maturidade da igreja, que já foi atingida; dessa maneira, os dons desapareceriam porque o perfeito já veio (NT ou maturidade da igreja).
Isso não passa de inferência, sem qualquer respaldo bíblico. Em nenhum momento as Escrituras depreendem a cessação dons em virtude da maturidade da igreja ou do fechamento do cânon. Seria estranho imaginar que com a morte do último apóstolo uma trombeta do céu soou sinalizando o fim dos dons. É crível crer que a inspiração para escrever livros sagrados desapareceu com a morte do último apóstolo, até porque a inspiração não é classificada como um dom espiritual, mas como uma capacidade especialíssima e excepcional com um fim singular: conceder ao povo eleito uma regra de fé infalível. Como dito, isso resguarda a autoridade das Escrituras. Mas em relação aos dons, é difícil imaginar que os dons tenham desaparecido instantânea ou gradativamente. Não é possível inferir isso a partir das Escrituras.
Caso a mente apostólica inspirada pelo Espírito Santo cogitasse nesse desaparecimento jamais estimularia o povo eleito a buscar o que era temporário. Ou ao menos haveria alguma ressalva de que em breve isso desapareceria.
Pelo contrário, o desaparecimento dos dons está condicionado à volta de Cristo. De forma que, enquanto Cristo não voltar, os dons estarão disponíveis à igreja. Se em algum momento anterior à volta de Cristo os dons desapareceriam, naturalmente o apóstolo seria o primeiro a declarar isso, a fim de desencorajar a igreja a buscar algo que desapareceria em algumas décadas depois.
Até o comentário da Bíblia de Estudo de Genebra de 1Cor 13.10, que segue a tradição reformada presbiteriana, admite que o “contexto (especialmente o v. 12) sugere fortemente que Paulo está se referindo aqui à segunda vinda de Cristo como evento final do plano divino da redenção e da revelação” (Bíblia de Estudo de Genebra, São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 1362).
O próprio João Calvino, um dos maiores exegetas da história da Igreja, defende que o perfeito se refere ao dia do juízo final, embora o mesmo não cresse na continuidade dos dons e tivesse outra concepção acerca do dom de línguas:

Mas, quando tal perfeição virá? Em verdade, ela começa na morte, quando nos despirmos das inúmeras fraquezas juntamente com o corpo; portem, não será plenamente estabelecida até que chegue o dia do juízo final, como logo veremos. (CALVINO, João. 1 Coríntios. 2ª ed., São Bernardo do Campo, Edições Parakletos, 2003, p. 406 e 407)

Agora, quero consignar que, conquanto eu creia que os dons não cessaram, reconheço que houve uma relativa suspensão de alguns dons, o que é um fato. Não vejo hoje em dia, ao menos na circunscrição onde resido, manifestações de curas como houve na primeva história da igreja, registrada em Atos dos Apóstolos. Ainda assim, creio que Deus poderá a qualquer momento conceder tais dons à sua igreja, conforme lhe aprouver. E mais, pode haver em algum lugar desse mundo pessoas que tenham recebido algum dom miraculoso de Deus. Se Deus é soberano, nada o impedirá de irromper as paredes da incredulidade e despejar Seu estrondoso e bendito poder, curando cegos, surdos, paralíticos, ressuscitando mortos.
Da mesma maneira que não ousarei determinar a Deus que faça milagres, muito menos determinarei a Ele que não faça. Ele é soberano!
Se um dia eu crer que não haja mais dom de curar, por exemplo, não orarei mais para que Deus cure alguém. Ora, se Deus não pode mais dar o dom de cura a alguém, por que poderia curar alguém? Acho uma incongruência orar por cura e não crer no dom da cura. É assaz estranho: Deus pode curar, mas não pode dar o dom de cura. Ora eu nunca orarei pedindo a Deus que inspire a escrever um livro sagrado, porque creio que tal inspiração cessou.
O dom de línguas, como qualquer outro de 1Cor 12, ainda permanece em vigor, embora haja relativa suspensão de alguns e absoluta cessação de outros, conforme dito alhures.

Línguas extáticas, angelicais ou humanas, inteligíveis ou ininteligíveis
À medida que o assunto se aprofunda, a polêmica se agrava. A Bíblia, especialmente 1Cor, refere-se a que tipo de línguas?
Muitos acreditam que o texto trata de idiomas humanos. Se não fosse 1Cor 13.1, a questão poderia ser pacificada com ressalvas. Ninguém esteve com os 120 no dia de Pentecostes, ou participou de um culto na igreja de Corinto para dizer o que eram essas línguas.
Dependemos da interpretação do texto bíblico. Lucas registra em At 2 que no dia de Petencostes muitas pessoas, de diversas regiões, ouviam os discípulos falarem no próprio idioma deles.
Esse texto pode denotar que as línguas faladas pelos discípulos eram idiomas humanos ainda existentes e que os discípulos falaram em um idioma conhecido dos ouvintes. No entanto, não é possível fechar a questão. Em At 2 poderia ter ocorrido a interpretação de línguas ou um milagre de audição. Ou seja, os discípulos falavam em vários idiomas desconhecidos dos ouvintes, no entanto, por um milagre ou dom de interpretação, cada pessoa conseguia ouvir em sua própria língua.
Essa segunda hipótese me parece mais plausível. Pois se os discípulos falassem ao mesmo tempo quatro ou cinco idiomas, os ouvintes diriam que ouviam em sua própria língua bem como em outras também. Mas, não foi isso que registrou Lucas, cada um ouvia na sua própria língua, e não em outro idioma também. O texto bíblico não declara que os discípulos falaram no idioma dos árabes, cretenses, etc., mas que os ouvintes ouviam-nos falar das grandezas de Deus em seus respectivos idiomas.
O texto bíblico fala que os discípulos falavam em línguas, cuja termo grego é γλωσσα, ao passo que os ouvintes escutaram os discípulos falarem em seu próprio dialeto, cuja palavra grega é διαλεκτος (At 2.8).
Os demais textos de Atos (19.6; 10.46) apenas mencionam que houve o fenômeno de falar em línguas, mas não se fez outro comentário. No entanto, em todos os trechos bíblicos que abordam esse dom, em nenhum se registra a palavra grega διαλεκτος. Isso pode indicar que o dom de línguas não é a mesma coisa que um dialeto humano. Entretanto, não é prudente estabelecer tal distinção com base nisso, pois a diferença de palavras pode ser também irrelevante, sendo usada de forma livre.
O texto de 1Cor 13. 1 e 14 são mais explícitos sobre o tema; ainda assim, o debate é tenso.
Muitos defendem que o texto trata de idiomas humanos. João Calvino seguiu essa tese. Contudo, o próprio comentário da Bíblia de Estudo de Genebra sobre 1Cor 14.2, de linha presbiteriana reformada, admite que: “Este versículo (cf. o v. 14) descreve o dom de línguas de uma maneira que parece incoerente com o dom de falar em línguas estrangeiras, mencionado em At 2.4-11 (embora alguns creiam que o milagre, no dia de Pentecostes, tenha sido um milagre de audição).
Com efeito, o apóstolo Paulo abre um precedente para as línguas angelicais. 1Cor 13.1 não é uma hipérbole – o apóstolo não exagerou nas afirmações. É totalmente possível ter o dom de profetizar sem amor. A propósito, na própria igreja de Corinto havia o dom de profetizar concomitante com a falta de amor. É possível distribuir toda a fortuna para sustentar os pobres ou entregar o corpo para ser queimado sem que haja amor.
Destarte, também alguém pode falar a língua dos homens e a língua dos anjos sem amor. Não há nada no texto que obstaculize Deus de conceder a alguém a capacidade de falar a língua dos anjos.
Quero dizer com isso que alguém pode falar a língua dos anjos pela capacitação do Espírito Santo. Ainda assim, não quero dizer com isso que o dom de línguas seja necessariamente a língua dos anjos. O texto não faz essa identificação, de modo que não passa de mera conjectura afirmar que o dom de línguas seja a língua dos anjos. Pode ser, como também pode não ser.
A frase no original não exclui a possibilidade real de alguém falar a língua dos anjos. A conjunção ἐὰν com o verbo subjuntivo versa sobre uma possibilidade real e concreta. Nesse sentido, Rienecker elucida que “ἐὰν com subjuntivo introduz uma condição que pode ser possível “suponde” que” (RIENECKER, Fritz et al. Chave linguística do NT grego. São Paulo: Vida Nova, 1985, p. 319).
Assim sendo, a fim de não ir além do texto bíblico, reconheço a possibilidade de alguém falar a língua dos anjos, de forma que essa capacidade pode – é uma possibilidade e inferência, não obrigatoriedade – estar atrelada ao dom de línguas; não afirmo, contudo, que o dom de línguas é a capacidade de alguém falar a língua dos anjos, pois o texto bíblico não permite tal ilação.
Uma coisa todos concordam: que o dom de línguas é um idioma humano. A grande questão é: quem fala em línguas sabe o que está falando?
1Cor 14.2,14,13,14 revela claramente que o que possui o dom de línguas não sabe o que está falando, visto que somente o espírito dessa pessoa se comunica com Deus, ao passo que o entendimento fica infrutífero (14). Ora, se a pessoa precisa orar para interpretar o idioma falado, é por que certamente esse idioma não é normalmente falado ou compreendido, não sendo um dialeto passível de ser traduzido por alguém mediante o estudo do idioma. Se assim fosse, Paulo diria: aquele que ora em línguas, estude para que possa interpretá-las, ou chame um poliglota.
Com efeito, há um elemento enigmático e misterioso nesse idioma, que o distingue dos demais dialetos. Por isso acredito que é significativo a abstenção da palavra dialeto para se referir a esse dom. Somente a intervenção do Espírito Santo pode elucidar o significado desse idioma.
Enquanto a maldição de Babel pode ser relativamente revertida pelo estudo dos dialetos, a bênção do Pentecostes somente pode ser entendida pela intervenção do Espírito Santo que dá a interpretação das línguas.
Assim, o dom de línguas visa edificar a própria pessoa, de forma que a igreja só será edificada se houver interpretação. Somente a interpretação das línguas pode trazer a lume os mistérios falados pela pessoa. Por certo, quem fala em línguas fala mistérios. A palavra grega significa algo oculto que não pode ser compreendido pelo mero entendimento humano.
Por isso, tendo em vista a edificação do corpo, o benefício da coletividade em detrimento da individualidade, do benefício individual, Paulo prefere a profecia, exortando todos a buscarem o dom de profetizar; também exorta aqueles que falam em línguas a orarem para que possam interpretá-las, edificando o corpo.
Mesmo preferindo o dom de profetizar ou o dom de línguas seguido de interpretação, que edificaria toda a igreja, o apóstolo reconhece o benefício individual do dom de línguas, de forma que não proíbe o falar em línguas, de modo que exorta a igreja a não ser radical seguindo o extremo de impedi-lo. Pelo contrário, Paulo deseja que todos falem em línguas, pois isso traria edificação individual.
Com vistas a regulamentar o exercício do dom, o apóstolo só admite o falar em línguas numa reunião pública e aberta aos incrédulos se houver a interpretação. Não havendo, a pessoa deve falar consigo mesma e com Deus (28).
Agora, é importante frisar que nem todos possuem ou possuirão esse dom, conforme está bem claro em 1Cor 12.30. Outrossim, não se pode inferir que todos que receberem o batismo com o Espírito Santo falarão em línguas, porque o texto de Atos não visa estabelecer um padrão. Se objetivasse isso, então a conclusão óbvia seria que todos deveriam também profetizar (At 19.6). Ademais, o batismo com o Espírito Santo é um evento prometido a todos e que ocorre com a salvação, sendo concomitante com a fé genuína e verdadeira em Cristo Jesus. Não creio que essa promessa seja uma experiência pós-salvação e tampouco seja evidenciada pelo falar em línguas.

Conclusão
O dom de línguas ainda está em vigor, e consiste na habilidade recebida do Espírito Santo de falar em idiomas humanos desconhecidos para quem fala e ouve, a menos que, pelo dom do Espírito Santo da interpretação, seja interpretado, visto não ser um dialeto humano passível de interpretação pelo estudo. Há possibilidade de ser idioma dos anjos. Deve ser exercido no culto público somente se estiver acompanhado do dom da interpretação, caso contrário a pessoa deve falar consigo mesma e com Deus, sob pena de escandalizar os visitantes incrédulos. A igreja não deve proibir seu exercício.
Acima de tudo, o amor deve prevalecer. Não é à toa que no meio desse tema o apóstolo falou sobre o caminho mais excelente: o amor. O amor deve nortear o assunto. Não foi debalde que o Espírito Santo colocou 1Cor 13 no meio da discussão. Se atentássemos para 1Cor 13 muitas divisões poderiam ser evitadas, e muitos irmãos poderiam congregar juntos, tanto o que fala em línguas, quanto o que não fala, contanto que o primeiro tratasse o segundo com amor e respeito, seguindo a ordem de falar somente se houver interpretação, e o segundo tratasse o primeiro com o mesmo amor e respeito, não proibindo-o de falar mediante interpretação.
O que não traz edificação e com certeza entristece o Espírito Santo é rotular ou classificar o que fala em línguas como endemonhiado, carnal, fraco, e o que não fala como incrédulo, sem o Espírito Santo.
Ambos devem se considerar irmãos em Cristo, sinceros, cheios do Espírito Santo, batizados no mesmo. No máximo um poderia considerar o outro como aquele irmãozinho fraco que merece todo respeito, por quem Cristo morreu, e pelo qual o Espírito Santo intercede, tendo o mesmo Pai, e que, segundo a vontade do Pai, receberá o esclarecimento no tempo oportuno, ao menos no céu!