quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Segundo mandamento

Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. (20:4-6)
Mesmo que esse mandamento seja um desdobramento do primeiro, não é pertinente considerá-lo apenas parte do primeiro, dividindo, por conseguinte, o último em dois.
Parece ser mais coerente tratá-lo como segundo mandamento, porque o primeiro fala muito sobre comunhão exclusiva com o único e verdadeiro Senhor Deus, vedando a concepção de qualquer outra divindade, de forma que o povo não poderia ter em mente qualquer outra divindade. No entanto, o segundo versa sobre a adoração a esse Deus, ou seja, o povo não poderia representar qualquer outra divindade.
Assim, o primeiro mandamento veda a idealização de outra divindade, ao passo que o segundo proíbe a representação dessa divindade. Ambos proíbem a idolatria, mas esse mandamento veda a representação de qualquer divindade, o envolvimento ritual, litúrgico ou cultual com qualquer pseudo divindade.
Primeiro, Deus proíbe a criação de qualquer forma de representação, símbolo, ícone ou figura que possa representar alguma divindade. Ademais, esse mandamento é mais abrangente que o primeiro, pois se proíbe a criação de representação, símbolo, ícone ou figura do próprio Deus.
Segundo, o Senhor não permite o culto e adoração a essas invenções humanas.
Nossa adoração e culto advêm da vontade de Deus, ou seja, o Deus que tirou o povo da terra do Egito é que estabelecerá a maneira pela qual o povo servi-lo-á.
Toda forma de adoração ao Senhor receberia a regulamentação do Senhor, de forma que o povo estava proibido de fazer qualquer inovação. E, de fato, isso foi feito, pois Deus projetou o modelo do tabernáculo nos mínimos detalhes, relativamente à medida do tabernáculo, os utensílios, materiais, etc. Moisés deveria ter muito cuidado para fazer segundo o modelo apresentado por Deus (Ex 26.30).
Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23,24). Como ele não apareceu em nenhuma forma (Dt 4.12,13), o povo não poderia fazer algo que o representasse.
Devemos ter cuidado com as inovações que são criadas em nossos cultos. O Senhor deve receber toda a glória (soli Deo gloria), porque ele não a divide com ninguém (Is 42.8). Portanto, tomemos muito cuidado com alguns estilos de culto e adoração que não encontram nenhum respaldo bíblico.
Por que Deus proibiu a criação de algum objeto de culto? Naturalmente, esse objeto em vez de auxiliar o povo na adoração desviaria a atenção do povo, e concorreria com a glória do Deus vivo.
Assim sendo, em nossos cultos Cristo Jesus deve receber toda a primazia.
A fim de reforçar a absoluta proibição, o Senhor fala sobre o seu caráter. O povo haveria de lembrar que o Senhor é zeloso, e esse zelo inclui tanto o castigo quanto a misericórdia.
Zelo significa no original hebraico ciúmes, paixão. Essa palavra é muito utilizada no relacionamento conjugal, ou seja, o zelo do marido para com a esposa. Não se trata de ciúmes doentio e pecaminoso, mas do zelo que faz o homem se dedicar exclusivamente a sua mulher, não tolerando qualquer relacionamento extraconjugal.
Dessa forma, Deus se revela ao povo como rei, senhor e marido, de modo que qualquer traição ou rebeldia seria justamente punida, ao passo que a misericórdia se manifestaria aos fiéis, leais e obedientes à aliança.
Portanto, a violação desse mandamento acarretaria o castigo do Senhor, pois se equivaleria a adultério espiritual. Aliás, os profetas denunciaram a idolatria como adultério (Ez 16). A obediência a esse mandamento atrairia a misericórdia do Senhor.

Maldição hereditária: os adeptos da maldição hereditária usam esse texto para defender que há uma maldição que passa do pai ao filho até a terceira e quarta geração.
No entanto, o texto não quer dizer isso, apenas está ressaltando que Deus castiga os ímpios, e as gerações posteriores, filhos, netos, bisnetos..., que continuarem nesse pecado.
Mas, quanto aos que amam a Deus, a misericórdia se estende ampla e copiosamente. Ou seja, a misericórdia de Deus é muito maior e eficaz.
Assim, quem quiser experimentar a misericórdia do Senhor em sua vida e família deve amar o Senhor, fugindo da idolatria (1Jo 5.21).

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