quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Livro de Reis

Livro de Reis

Introdução
Os livros dos Reis formavam um só livro no Antigo Testamento Hebraico, ao passo que a LXX dividiu-os em dois volumes. Somente a partir de 1448 a Bíblia Hebraica começou a dividir ambos os livros.

Autor
Segundo a tradição judaica, Jeremias escreveu os livros de Reis. Todavia, o próprio título dos livros tão-somente traz a inscrição “Reis”, não sendo mencionado ainda que indiretamente o nome do autor, de modo que a autoria permanece anônima.
A autoria de Jeremias não é ilógica, visto que há muitas referências a profetas e profecias cumpridas. Os capítulos finais de Reis são semelhantes ao capítulo 52 de Jeremias. Isso pode tanto indicar uma mesma autoria, ou no mínimo o uso de fontes semelhantes. A propósito, não obstante a característica narrativa do livro, a Bíblia Hebraica incluiu-o na seção dos livros proféticos.

Data dos livros
A ala mais conservadora e menos recente defende que o livro foi escrito ou concluído não muito tempo depois da libertação de Jeoaquim o qual estava preso na Babilônia. Assim, Jeoaquim foi liberto no ano de 562 a.C, ao passo que a conclusão do livro sucedeu no ano de 550 a.C.
Contudo, uma ala crítica defende que houve duas composições distintas. Uma na época do livro de Deuteronômio, ou seja, nos dias da reforma de Josias, e outra posteriormente.
Outra ala moderada acredita que o livro foi escrito durante o exílio. Nesse período o povo teria mais condições de refletir sobre as causas que culminaram no cativeiro.
Não há motivos para não se crer que o livro de Reis fora escrito à medida que os eventos sucedessem. Até porque havia intensa atividade literária profética naqueles períodos, mormente na época dos profetas escritores.
Aliás, os livros usam várias fontes, o que atesta que havia registros ou crônicas dos acontecimentos.

Características e temas
O autor desses livros utilizou outras fontes históricas (11.41; 14.19.29).
O livro expressa as idéias e ensinos registrados no livro de Deuteronômio. Nesse livro observa-se o efeito prático da lei de Moisés na vida do povo. As palavras de Moisés insertas no livro de Deuteronômio, sobretudo no capítulo 28, se cumprem cabalmente: as bênçãos atingem a plenitude no reinado de Salomão, ao passo que as maldições nos cativeiros assírico e babilônico. O livro foi intitulado de “História Deuternomista”, uma vez que esse livro, junto com os livros de Josué e Samuel, desenvolve a teologia de Deuteronômio no que diz respeito às bênçãos e maldições inerentes à prática da Lei.
Esses livros cobrem um período de 410 anos, de forma que inicia com os últimos dias de Davi (971 a.C.) e termina com a restauração de Joaquim (561 a.C.).
O livro de Reis pode ser dividido em três partes:

PARTE 1
A MONARQUIA UNIDA (1Rs 1-11)
O reinado de Salomão abriu caminho para a convulsão nacional à medida que ele passou gradualmente da sabedoria e lealdade à aliança para a insensatez e a apostasia
PARTE 2
A MONARQUIA DIVIDIDA
A história da teocracia dividida realça o poder destrutivo da apostasia em Israel e a intervenção misericordiosa de Yahaweh em favor de Judá, por amor a Davi (1Rs 12-2Rs 17)
PARTE 3
O REINO ÚNICO DE JUDÁ
A história da monarquia independente de Judá retrata um declínio espiritual constante, interrompido por dois reavivamentos que conseguem apenas retardar a avalanche de disciplina pactual contra a nação (18.1-25.26)

A narrativa do livro aborda basicamente:

1- O apogeu da nação judaica
Após a morte de Davi, seu filho assume o trono, e torna-se o rei mais poderoso daquela região. Nessa época as fronteiras de Israel alargaram-se sobremaneira, de modo que cumpriu-se cabalmente a promessa de Deus realizada a Abraão. Essa época é considerada como a Idade de Ouro da história dos judeus. Os outros impérios daquela época estavam fracos.
Salomão escolheu a sabedoria. Por conseguinte, adquiriu poder, riqueza e honra. Salomão edificou o Templo, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. No entanto, ele envolveu-se com várias mulheres, por conta de motivos políticos.

2- O reino dividido (930 a.C)
O reino unido durou 120 anos: Saul, 40 anos; Davi 40 anos; Salomão, 40 anos. As dez tribos formaram o reino do Norte, ao passo que Judá e Benjamim o reino do Sul.

3- O reino do norte entregando-se à idolatria

4- O reino do Sul resistindo à idolatria por mais tempo

5- O ministério dos profetas
Elias combateu fortemente o culto a Baal. Tal deus pertencia ao povo cananeu, o qual acreditava que exercia influência sobre a agricultura, chuva e fertilidade. Os adoradores de Baal sacrificavam os infantes. Seguidamente, Eliseu, como discípulo de Elias, deu seqüência ao seu ministério.

6- O cativeiro de Israel pela Assíria (722 a.C), cuja capital era Nínive
Os profetas dessa época foram: Oséias, Isaías e Miquéias e Amós.
A Assíria utilizava a deportação como método de conquista dos outros povos, isso desintegrava a nação conquistada, de modo que enfraquecia-se, dificultando as rebeliões. A Assíria era uma nação cruel, pelo que esfolavam vivos seus prisioneiros, ou cortavam-lhes as mãos, os pés, o nariz, as orelhas, ou lhes vazavam os olhos, ou lhes arrancavam a língua, faziam montes de caveiras humanas, com vista à intimidação, e inspiração do terror.

7- O cativeiro de Judá pela Babilônia em três ocasiões
Profetizaram nesse período os profetas: Jeremias, Ezequiel, Daniel, Naum, Sofonias.
*605 a.C: Nabucodonosor subjugou Jeoaquim, levou os tesouros do templo, a descendência real, inclusive Daniel, para a Babilônia.
*597 a.C: Nabucodonosor voltou e levou o restante dos tesouros e o rei Jeoaquim, e 10.000 dos príncipes, oficiais e homens principais, todos cativos à Babilônia.
*587 a.C: Novamente os babilônios retornaram e incendiaram Jerusalém, quebraram seus muros, vazaram os olhos do rei Zedequias e levaram-no algemado para Babilônia.
Assim terminou o reino terrestre de Davi. Entretanto, há uma nota de esperança no último capítulo do livro, ao relatar a preservação e libertação do descendente real de Davi, o rei Jeoaquim.
Infere-se um conteúdo messiânico no livro, visto que a monarquia e o estado independe de Israel chegou ao fim, restando somente a restauração do reino davídico e da independência da nação pelo Messias.
Com efeito, o propósito do autor é teológico, não obstante os relatos sejam históricos e fidedignos. Por exemplo, do ponto de vista do historiador secular, Onri foi o rei do norte mais importante, entretanto o autor dedica pouca atenção à sua época, ao passo que períodos muito menores receberam maior ênfase, como o ministério do profeta Elias e Eliseu.
A Aliança de Deus, cujo mediador foi Moisés, encaixa-se bem como tema central. A teoria da Lei de Moisés pôde ser vista na prática. Há um constante contraste entre o reino fiel a Deus e o reino idólatra, com as respectivas bênçãos e maldições.
O livro também explica às gerações sobrevivente ao exílio e às vindouras a causa do exílio. Em suma, todas as desgraças advieram da desobediência do povo que não observou fielmente a Lei de Deus dada a Moisés, e registrada no Pentateuco, sobretudo nos dez mandamentos e no capítulo 28 de Deuteronômio.

CRONOLOGIA DOS REIS DE ISRAEL E JUDÁ


REIS DE ISRAEL E DE JUDÁ
(ATÉ A QUEDA DE SAMARIA)
Judá Data Israel
A Casa de Davi 931 A Casa de Jeroboão
Roboão 931-913: Filho de Salomão. No início de seu reinado as tribos do Norte se separaram das do Sul para formar um reino independente Divisão do reino de Salomão
Sisaque ataca a Palestina Jeroboão I 931-910: Primeiro rei das tribos do Norte depois da divisão do reino de Salomão
920
910 Nadabe 910-909
Abias 913-911 900 A Casa de Baasa
Asa 911-870 890 Baasa 909-886: Assasinou a Nadabe e usurpou o trono
Elá 886-885
Zinri 885
880 A Casa de Omri
Onri 885-874: Foi um dos reis mais importantes de Israel. Fortaleceu o reino através de alianças e conquistas e fez de Samaria a capital de Israel
Josafá 870-848: Judá voltou a ser próspera durante seu reinado, e houve paz entre Israel e Judá 870
[Elias]
860 Acabe 874-853: Tentou unificar os elementos israelitas e os cananeus pondo em perigo o concerto com Deus
Jeorão 848-841 [Eliseu] Acazias 853-852
850 Jorão 852-841
Acazias 841: Foi assassinado por Jeú, de Israel 840 A Casa de Jeú
Atalia 841-835: Usurpou o poder quando seu filho Acazias foi assassinado Jeú 841-814: Foi originalmente um oficial do exército; assassinou Jorão e erradicou o culto a Baal em Israel
Joás 835-796: Filho de Atalia. Subiu ao poder quando Atalia foi deposta por um complô palaciano 830
820
810 Jeoacaz 814-798
Jeoás 798-783
Amazias 796-781 800
790
Uzias ou Azarias 781-740: Reinou durante um tempo de paz com Israel. Fortaleceu e extendeu seu reino 780
770 Jeroboão II 783-743: Em seu governo Israel gozou de prosperidade
Jotão 740-736 [Amós] Zacarias 743: Reinou por 6 meses
760
750 Salum 743: Reinou por 1 mês
[Oséias] A Casa de Menaém
740 Menaém 743-738
Acaz 736-717: Pediu ajuda aos assírios para fazer frente à Síria e Israel. Este movimento fez Judá ser dependente da Assíria [Isaías]
[Queda de Damasco, 732]
730
720
[Queda de Samaria, 721] Pecaías 738-737
Peca 737-732

Oséias 732-724: Último rei de Israel. Em 721 Samaria caiu diante da Assíria e houve uma deportação em massa
Sociedade Bíblica do Brasil. 2002; 2005. Bíblia de Estudo Almeida - Revista e Corrigida . Sociedade Bíblica do Brasil

A cronologia apresentada pelo livro possui a priori algumas aparentes discrepâncias, que, após uma ponderação acurada, é totalmente dirimida. Considerando que o autor do livro dos reis computa um ano incompleto como completo, que o período de um reino é arredondado, e que há casos de co-regências (2Re 15.5), as aparentes discrepâncias são facilmente harmonizadas.

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