sábado, 8 de janeiro de 2011

O preço (J.C. Ryle)

Textos selecionados do capítulo "O Preço" escrito por J.C. Ryle, publicado pela editora Fiel
1) O custo de ser um cristão verdadeiro
Admito prontamente que custa pouco alguém manter a aparência de um cristão. Uma pessoa que apenas frequente algum lugar de adoração duas vezes a cada domingo e possua uma moralidade razoável durante os dias da semana, já terá feito o que milhares de outras pessoas ao seu redor fazem com o cristianismo. Tudo isso é trabalho fácil e barato; não requer qualquer autonegação ou autossacrifício. Se isso é o cristianismo que salva e que nos conduzirá ao céu quando morrermos , então convém que se altere a descrição sobre o caminho da vida e se escreva: “Larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz ao céu! (Ryle, Santidade, p. 107, 108)
Não obstante, custa bastante ser um crente verdadeiro se os padrões da Bíblia tiverem de ser seguidos. Há inimigos que terão de ser vencidos, batalhas que terão de ser travadas, sacrifícios que terão de ser feitos, um Egito que precisará ser esquecido, um deserto que precisará ser atravessados, uma cruz que deverá ser carregada, uma carreira que terá de ser corrida. A conversão não se assemelha a colocar um homem em uma poltrona, levando-o assim, em conforto, para o céu. Quando alguém se torna crente, dá início a um imenso conflito no qual custa muito obter a vitória. Daí origina-se a indizível importância de “calcular o preço”. (p. 108)
[...] Antes de tudo, isso lhe custará a sua justiça própria . Ele terá de desfazer-se de todo o orgulho, de todos os pensamentos altivos e de toda a presunção acerca de sua própria bondade. Terá de contentar-se em ir para o céu como um pobre pecador salvo exclusivamente pela graça gratuita, devendo tudo aos méritos e à retidão de Outrem. (p. 108)
Em segundo lugar, um homem terá de desistir dos seus pecados. Ele deverá estar disposto a abandonar cada hábito e prática errados aos olhos de Deus. Terá de voltar o rosto contra tais práticas, lutando contra elas, rompendo com elas, crucificando-se para elas e esforçando-se por mantê-las sob seu controle, sem importar com o que o mundo ao seu redor possa pensar ou dizer. Ele terá de fazer isso de maneira honesta e justa. Não poderá dar tréguas a nenhum pecado especial que ele ame. Ele terá de considerar todos os pecados como inimigos mortais, odiando cada caminho de iniquidade; sem importar se são pequenos ou grandes, públicos ou secretos; ele terá de renunciar terminantemente a todos os seus pecados. Talvez esses pecados lutem diariamente contra ele e, às vezes, quase haverão de derrotá-lo. Porém, ele nunca poderá ceder diante deles. Cumpre-lhe manter uma guerra perpétua contra os seus pecados.
Isso também parece difícil e não me admiro. Geralmente os nossos pecados são tão queridos por nós como se fossem nossos filhos: nós o amamos, abraçamos, apegamo-nos a eles, deleitamo-nos neles. Romper com eles é algo tão difícil quanto decepar a mão direita ou arrancar o olho direito da órbita. Mas isso tem de ser feito. (p. 109)
Terá de tomar cuidado com seu tempo, sua língua, seu temperamento, seus pensamentos, sua imaginação, seus motivos e sua conduta em cada relação da vida. (p. 110)
...Em último lugar, ser crente custará a um homem a aprovação do mundo.
Esse é o cálculo do que custa a alguém ser um crente verdadeiro. ...
... Reconheço que custa muito ser um verdadeiro crente... Uma religião que nada custa, nada vale! Um cristianismo barato, destituído de cruz, mostrará ser um cristianismo inútil, que não pode obter a coroa. (p. 111)

2. A importância de calcular o preço
... nenhum dever determinado por Cristo pode ser negligenciado sem provocar dano. (p. 111)
Por não calcular o preço, não poucos abandonaram a Cristo.
Tenhamos vergonha de usar os vulgares artifícios de um sargento recrutador. Não falemos apenas sobre o uniforme, o soldo e a glória; falemos também sobre os inimigos, as batalhas, a armadura, a vigilância, as marchas e o treinamento árduo. (p. 117)

3. Algumas sugestões
Se você é um crente santo e dotado de coração sincero, calcule e compare:
a vantagem e a perda
o louvor e a desaprovação
os amigos e inimigos
a vida presente e a vida futura
os prazeres do pecado e a felicidade do serviço prestado a Deus
as tribulações sofridas pelo verdadeiro crente e as tribulações reservadas para o ímpio, após a morte.
Um único dia no inferno será pior do que uma vida inteira a carregar a cruz de Cristo.

Em conclusão, que cada leitor pense com seriedade, se a sua religião custa-lhe alguma coisa no presente. Mui provavelmente, nada lhe custa. Provavelmente, não lhe custa tribulação, nem tempo, nem preocupação, nem cuidados, nem dores, nem leituras, nem orações, nem autonegação, nem conflitos, nem trabalho e nem labor de qualquer espécie. Portanto, assinale o que estou lhe dizendo. Uma religião assim jamais salvará sua alma. Nunca lhe poderá conferir qualquer paz enquanto você viver, nem esperança quando morrer. Ela não conseguirá sustentá-lo no dia da aflição e nem poderá confortá-lo na hora da morte. Uma religião que nada custa também nada vale. Desperte e converta-se. Desperte e confie. Desperte e ore. Não descanse enquanto você não puder dar uma resposta satisfatória à minha pergunta: “Quanto lhe custa a sua religão?” (p. 121)
Talvez custe muito ser um crente verdadeiro, um crente coerente. Mas, vale a pena.

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