terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Teologia Bíblica de Isaías

Síntese do capítulo escrito por Paul House
A posição do livro segundo a Bíblia Hebraica tem relevância teológica. Sendo o primeiro dos profetas anteriores, Isaías analisa a dádiva e a quebra da aliança, refletindo os conceitos esposados na Lei e nos profetas anteriores, de modo que os profetas anteriores preparam o palco para os posteriores.
O livro de Isaías destaca os seguintes assuntos: a santidade de Deus e o futuro Salvador davídico. A propósito, esse capítulo é intitulado de “O Deus Salvador”, visto que a “a salvação seja o derradeiro objetivo de Deus em Isaías” (p. 350).
A teologia de Isaías segue esta estrutura:

1) O Deus que condena e chama (Is 1-12)
O juízo de Deus é proclamado com toda veemência, ao passo que a salvação do Senhor não é menos enfatizada. Isaías transita entre o juízo e salvação, a desolação e a esperança, o reinado ímpio e incrédulo do rei e seus súditos e o reinado justo e fiel do novo rei davídico e seu remanescente.
O remanescente contrapõe-se ao Israel rebelde. Aliás, esse remanescente abrangerá outras nações.
Isaías vaticina acerca de um futuro muito distante, jamais enfatizado outrora. E combina as esperanças futuras com o presente caótico, conclamando o povo ao arrependimento, a fim de que, baseado nas promessas passadas, haja um futuro próximo melhor.

2) O Deus que elimina nações orgulhosas (Is 13-27)
Haja vista a arrogância das nações, entre as quais destacam-se dois impérios mundialmente conhecidos, Assíria e Babilônia, o Senhor julgará as nações, de modo que purificará a terra, a fim de que remanescentes dessas nações façam parte da nova criação de Deus.
O castigo das nações aponta para o juízo final descritos em Is 24-27.

3) O Deus que firma o remanescente (Is 28-39)O rei Acaz não creu na mensagem de Isaías; um rei anônimo creu na ajuda egípcia; no entanto Ezequias creu no poder do Senhor, e recebeu grande livramento da poderosa Assíria.
O remanescente será preservado, de modo que o novo Rei proporcionará uma futura libertação. O livramento concedido a Ezequias tipifica o glorioso livramento final. Novamente Isaías transita entre o presente e o futuro.

4) O Deus que salva por meio de um servo sofredor (Is 40-55)
Essa seção é o zênite da teologia de Isaías, pelo que ressalta a fé monoteísta e apresenta um servo iluminado e santo com características messiânicas, ou seja, o próprio Jesus Cristo, que redimirá outro servo, qual seja, a nação de Israel, cega e pecadora. Portanto, “não é necessário ler Isaías 40-55 apenas como uma obra exílica ou como uma profecia totalmente preditiva” (p. 363).
A salvação decorre inteiramente da soberania de Deus e do ministério do servo. De modo que, as alianças com Abraão, Moisés e Davi são concretizadas plenamente: Israel tornar-se-á uma bênção para todas as nações, gentios farão parte do povo eleito do Senhor, o remanescente obedecerá fielmente o Senhor e habitará na terra prometida, e um novo Rei perfeito e justo governará o povo de Deus eternamente.
Uma vez que Deus revela que Ciro será usado para beneficiar Israel, Ele é o Senhor da história, dirigindo-a em prol de seu povo. A nação de Israel, por sua vez, é impelida a crer somente em Deus e não virar-se para qualquer ídolo, cujo poder é inócuo e conhecimento é nulo.

5) O Deus que cria novos céus e nova terra (Is 56-66)
Na seção anterior (40-55), Deus é apresentado como criador, ao passo que nessa seção o Criador é autor da nova criação. Um novo Éden será inaugurado: livre de pranto, pecado e morte. Entretanto, os ímpios e seus pecados serão julgados e banidos para sempre da nova criação, ao passo que o remanescente de Israel e dos gentios habitarão eternamente junto com o grande Rei.
O servo-messias, identificado no NT como o Senhor Jesus Cristo, terá participação ativa nessa nova criação.

6) Isaías e o cânon
A presença de Isaías no cânon – sendo o primeiro profeta posterior – tem relevância teológica, de modo que 2Re 18-20 serve como introdução do livro de Isaías, e este livro introduz os demais profetas. “Muitos dos profetas ou refletem acerca da obra de Isaías ou possuem um ponto de vista parecido sobre que assuntos a profecia deve incluir” (p. 379).
Todas as alianças são mencionas. E quando a aliança davídica se cumprir, as demais se concretizarão.
"O Éden será restaurado, nações serão abençoadas, pecados serão perdoados, a lei será cumprida, e Davi terá um trono eterno quando o Rei, servo e operador de cura ungido (61.1-3) ministrar ao remanescente, que habitará os novos e a nova terra." (p. 378)

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